

Já há vários meses que nos tentam convencer que a crise já passou, usando chavões como “os mercados ganharam novamente confiança”, para mostrar que tudo regressou à normalidade. O Governo PS/Sócrates, que como já dissemos, nada tem de novo, é dos mais insistentes nesta mensagem. No entanto, sentimos na pele todos os dias o quão falsas são essas afirmações. E o próprio governo, através do Orçamento de Estado para 2010, foi bastante mais claro do que nos discursos de circunstância quanto ao que tem em mente para o país: fazer com que os trabalhadores paguem os custos da crise capitalista. Já estamos a ver que vão voltar com a ameaça do défice para justificar todos os sacrifícios, que para eles têm de recair sempre sobre os mesmos. A receita apresentada é congelar salários, cortar nas reformas e diminuir o emprego na Função Pública, fazendo com que os trabalhadores do sector privado sejam também atingidos por tabela, cortar nos serviços públicos como saúde e educação e continuar as privatizações (ANA, TAP, REN), oferecendo assim os lucros destas empresas aos “privados” e ainda devolver o BPN após ter utilizado o dinheiro público para cobrir o desfalque provocado pelos banqueiros.
Apesar de não ter maioria absoluta, Sócrates já tem o apoio “viabilizador” do CDS/PP e do PSD, o que não espanta, pois a receita do governo é a política de direita e corrupta que estes também apoiam. Mas, para tentar conter a indignação que estas medidas certamente irão provocar, o governo tem de conseguir desarmar as lutas herdadas do governo anterior e as que surjam entretanto. Aqui, são frequentemente as direcções sindicais quem presta o serviço: o seu funcionamento é na maior parte das vezes completamente distante dos trabalhadores, que não têm acesso a informação e que por isso também não se sindicalizam; as decisões tomadas nas negociações e nas formas de luta a seguir não são discutidas e decididas democraticamente, mas sim são tomadas pelas direcções sem consulta prévia. Isto impede que as manifestações e greves sejam mais participadas, que a pressão sobre o governo ou os patrões sejam maiores e que assim os acordos assinados sejam mais favoráveis aos trabalhadores. Não devemos, no entanto, confundir os sindicatos e as suas direcções. Os sindicatos são ferramentas essenciais para a luta dos trabalhadores de que não podemos prescindir. Para que cumpram a sua função têm no entanto de ser os trabalhadores a sindicalizarem-se e pressionarem a direcção a levar a cabo uma acção democrática e combativa, para que a luta seja vencedora.
Um bom exemplo de que só com uma resposta forte podemos fazer frente aos ataques do governo e dos patrões foi a recente greve dos enfermeiros, de três dias, com adesão próxima dos 100% e uma manifestação de 15 mil pessoas em Lisboa. A nova geração de enfermeiros é também parte da geração precária, com estágios não remunerados, contratos a prazo, muitas vezes através de empresas de trabalho temporário, tendo de acumular 2 ou 3 empregos para sobreviver. Tal como no anterior boletim referimos a luta dos trabalhadores precários dos hipermercados, agora apontamos este exemplo para mostrar que é possível superar o medo, o isolamento ou a divisão entre os colegas para, através da união, conquistar os nossos direitos.
Neste boletim queremos lembrar-vos de que continuamos a ser penalizados pelos ataques que a PT lança contra nós, mas também que devemos reagir contra essas injustiças e arranjar sempre força para as combater.
Queremos salientar que qualquer comunicador tem o direito e o dever de se informar dos vários sindicatos que existem ligados à nossa actividade e também de se filiar.
Todos nós criticamos e nada fazemos. Pois, neste momento, está na altura de nos preocuparmos connosco e de procurar mecanismos com que nos possamos defender.
Compreendemos a ideia das pessoas no que diz respeito aos sindicatos. Estes não se vêem, não aparecem, não sabemos o que fazem, só vemos os placards com informações desactualizadas sobre formações ou eleições que já foram. Não há política, não vemos os delegados sindicais, não sabemos quem são.
Também sabemos que os sindicatos são organizações pesadas, muitas vezes fechadas sobre si próprias, burocráticos nos processos de eleição, mas enquanto estivermos sozinhos aquilo que podemos fazer é menor do que aquilo que o sindicato pode fazer por nós. Para que todos os comunicadores percebam, se estivermos sindicalizados temos sempre um alicerce e mais força para combater a favor dos nossos direitos enquanto comunicadores da PT. O sindicato serve de estrutura de base e apoio para que sempre que surja algum problema acerca de penalizações, horários, contratos (ou outro qualquer), termos apoio e não lutarmos sozinhos.
Apelamos a todos que sindicalizem, que procurem os sindicatos, que os responsabilizem pelo trabalho que podem e devem fazer.
Deixamos aqui alguns nomes de sindicatos ligados à PT para que todos ganhem curiosidade e interesse em sindicalizar-se.
Sindicatos: Sinttav e Sindetelco.
Contra a Precariedade! Pelos nossos Direitos!
Muitos serão os novos funcionários que irão começar a trabalhar, esperançosos de terem arranjado um trabalho digno e merecedor do seu tempo. Falsas promessas e diálogos extremamente convincentes (se te esforçares vais vender!) serão as “entradas típicas” de supervisores e formadores que tentam passar uma imagem irreal e utópica da realidade do centro. Não vão certamente falar das bases de dados totalmente desadequadas – “os idosos são o nosso público-alvo porque por norma não nos contactam, temos que ser nós a ligar-lhes e convencê-los a instalarem internet, televisão etc., os novos vão às lojas ou ligam-nos”. Não vão falar das vendas que serão anuladas por não haver viabilidade técnica ou pelo facto do cliente ter dívidas pendentes com a PT… mas para quê estar a referir isto tudo quando vão poder descobrir por vocês.
Que tipo de trabalho possui apenas funcionários com uns tantos meses de trabalho? Simples, um trabalho precário no qual não se investe na formação dos funcionários nem na sua permanência com a empresa. O tipo de trabalho que recompensa quem tem uma aptidão natural (ou sorte), neste caso para vendas, e quem não tem é apenas uma questão de tempo até ir para a rua, que é como quem diz ser “dispensado”. Não se investe numa correcta formação dos funcionários, sai mais barato recrutar novos que reciclar os mais antigos…
Nós estaremos aqui, sempre, e tal como a PT temos olhos e ouvidos em todo o lado, queremos e exigimos melhores condições de trabalho e mais respeito pelos funcionários porque acima de tudo são pessoas, muitas delas desesperadas por terem cursos universitários e não conseguirem trabalho na área. A PT aproveita-se disso, mas esperamos que o mesmo não o façam supervisores, formadores e chefes de centro… Grandes modificações não precisam somente vir de “cima”.
Entristece-nos ver que muitos supervisores olham para este boletim como se nós fossemos inimigos ou uma novela que serve para ler e passar o tempo! Criticam os nossos erros ortográficos, que reflectem o pouco tempo que temos para rever os textos, sem encontrar nenhuma crítica ao conteúdo, que é o que verdadeiramente importa.
Muito se pode fazer com pouco, havendo coragem e determinação, existem alternativas! No boletim anterior mostrámos isso mesmo, um modelo de incentivo às vendas bastante diferente e melhor que o actual, um modelo que vigora em vários países europeus! A nossa pesquisa, ao contrário do que nos acusam, foi feita com base em dados reais. Tentamos arranjar alternativas para que o nosso boletim não seja feito apenas de críticas ao que funciona mal, mas tenha propostas para resolver os problemas dos trabalhadores, sejam eles comunicadores ou supervisores.
Procuramos com este boletim unir os trabalhadores da PT para juntos conquistarmos melhores condições de trabalho. Estamos abertos às críticas desde que construtivas e contribuam para a solução dos problemas que nos afectam a todos.
Juntem-se a nós!
Caros colegas, voltamos a tocar no tema das penalizações, porque estas não caíram no esquecimento das pessoas. Esta injustiça continua, mas tem de acabar!
Somos penalizados se informarmos mal os clientes ou então se denegrirmos a imagem da empresa, mas muitas vezes isto é feito de forma completamente desproporcional e abusiva, tal como quando temos auditorias avaliadas acima de 80%, mas por nos termos esquecido de pedir o contacto alternativo a um dos clientes são-nos retiradas das nossas vendas cinco comissões, o que pode equivaler a cerca de 35 euros a menos no nosso salário. Isto acontece mesmo em vendas que não foram canceladas e que portanto contam para os lucros da PT Comunicações.
Se continuamos a ser explorados como podemos continuar a agir como se nada tivesse acontecido?
Festas, vales de 5 euros. Ainda não repararam que estes prémios são as maneiras mais básicas de nos iludir e de fazer com que a PT comunicações tenha mais lucros?
Esta é uma empresa que teve cerca de 41 milhões de euros de lucros, em média, por cada mês de 2009, explorando-nos com um salário vergonhoso e ainda nos retira o dinheiro das nossas comissões.
E agora vos pergunto, uma empresa que gera tanto lucro necessitaria que pagássemos 5 euros por pessoa no jantar de Natal?
Nós achamos que não. Gostamos do convívio entre os trabalhadores, que é necessário e pode ajudar a aumentar a nossa união, mas não tentem dar uma imagem de conciliação e amizade com a empresa que nos prejudica diariamente.
Não podemos deixar que nos calem enquanto continuarmos a ser prejudicados!
Colegas das vendas, não temos nada a perder, a união faz a força e juntos venceremos!