quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sobre a redução coerciva dos turnos de 8 para 6 horas

Caros colegas:

Ainda há dois dias foi pedido a um conjunto de colegas com horário de 8 horas que abdicassem desse horário para um de 6 com a razão de que se o não fizessem pessoas seriam despedidas. Nós queremos vir aqui dizer que este modo de actuação coerciva é inaceitável. Todos sabemos que ninguém quer fazer 8 horas de trabalho e que quem o faz apenas o faz porque precisa muito. Sim, são mais cerca de 100 a 150 euros a mais que não sendo muito faz toda a diferença a quem tem contas para pagar ao fim do mês. O que se soube, porque nunca se sabe nada, porque nunca ninguém se chega à frente para explicar as verdadeiras razões das coisas, é que houve um ultimato por parte de "alguém de lisboa" para reduzir o número de pessoas a fazer 8 horas e fala-se também em despedimentos prováveis em setembro. Caros colegas isto é areia. Quem atende chamadas sabe que de manhã há muito tráfego. À tarde há muito tráfego e à noite as filas de espera chegam ao minuto e meio. Há gente a mais? Não! O que há é necessidade de reduzir despesas e vamos lá mandar os precários para a rua porque são os que valem menos. Pois valemos, valemos 300 euros por dia, cada um. Há coisas nesta empresa muito complicadas de perceber, ou se calhar demasiado simples.

Não há dinheiro para manter 20 pessoas com horário de 8 horas mas vai haver obrigatoriedade de fazer horas extra quando não formos suficientes para responder às filas de espera.

Não há dinheiro para manter 20 precários a ganhar mais uns pós ao fim do mês mas o senhor Zeinal Bava vai dar 150 milhões de euros por 30% de uma empresa que só valem 80 milhões de euros.

Caros colegas, andamos a ser muito bem enganados...

Também se anda a soprar que em setembro com a fusão dos vários centros que haverá redução nos supervisores e pessoas serão despedidas por excedente. Mais areia! Os centros vão funcionar em edifícios separados, sem contacto a vinte metros um do outro. Não vai haver mistura nenhuma, nem nenhuma diferença orgânica com o que há agora. Temos de estar atentos. Não nos podemos deixar enganar.

O que podemos fazer? Dizer não! Dizer não a fazer horas extra quando nos forem pedidas. Dizer não a despedimentos quando há gente a menos no centro! Falar com os sindicatos, saber que resposta podemos dar a esta manobra. Não podemos colaborar com estes modelos de organização!

Temos de estar de olhos bem abertos!!

Quarto Boletim

PT PrecariAcções Nº 4

Caros colegas:


Estamos de volta para continuar a luta. Ultimamente temos assistido a muitas verdades sobre a actual crise económica. Assistimos à revelação dos podres de uma classe política portuguesa em conluio com as elites dirigentes dos bancos e da alta finança com os casos BPN e BPP. A forma como estes senhores tratam os nossos futuros e o que representamos para eles. Somos as alavancas das grandes fortunas, mas continuamos a ser pisados quando se trata dos nossos direitos e de termos uma vida digna. Face a isto a opção que nos resta é lutar. Continuar a resistir, resistir sempre. Temos de afirmar a nossa voz. Fazer perceber que somos muitos, que somos importantes e que queremos uma vida melhor, com um futuro fora desta crise. Entendemos ainda que a nossa luta se deve enquadrar junto das instituições que a podem conduzir. Estamos obviamente a falar dos sindicatos. E sobre este assunto apenas pretendemos repetir o que já dissemos no último boletim. Devemos procurar os sindicatos. Levar-lhes os nossos problemas. Exigir que nos ouçam, que façam assembleias onde discutam os problemas connosco. Pressioná-los para que percebam a nossa luta e ajam em nosso nome. Só com a força dos sindicatos poderemos vencer esta luta!




Sobre as Empresas de Trabalho Temporário:


Há tempos, no nossa primeira aparição, falámos das empresas de trabalho temporário. falámos do quanto ganham com cada um de nós, de quem são, do que fazem. Pensámos voltar à carga neste número. Porque nunca é demais falar sobre aquele que consideramos ser o nosso principal problema. Já muita coisa se disse a propósito das Empresas de Trabalho Temporário. Os 12 euros que ganham à hora por cada um de nós, a indefinição sobre quem decide a percentagem que nós ganhamos do que lhes é pago, e usamos estas palavras porque são eles que ficam com a maior fatia do bolo, a legalidade do contrato de trabalho temporário quando o trabalho que fazemos não é temporário. Mas não é sobre estes pormenores que são de facto pormaiores que vos queremos falar desta vez, mas daquele que consideramos ser o problema central das Empresas de Trabalho Temporário. Ao contrário do que muitos pensam, o tipo de organização do trabalho no nosso Call Center não é um fenómeno isolado ou típico da PT Contact ou mesmo da PT Comunicações. O trabalho temporário, que nós consideramos, obviamente, como trabalho precário, ao contrário do que dizem os senhores da APETT, Associação Portuguesa de Empresas de Trabalho Temporário, que acham que apresentam aos trabalhadores enormes vantagens como maior facilidade de primeiro emprego, com flexibilidade de horários, valorização curricular, organização profissional, e, que espanto, possibilidade de ser recrutado pela empresa empregadora. Caros colegas, alguém vê ou já viu isto na PT Contact? O que nós queremos aqui denunciar é a estratégia de implementação global deste tipo de organização laboral. O trabalho temporário não se confina aos call centers, mas é o futuro da organização do trabalho. Por todo o lado se começa a ver. Basta olhar à nossa volta. Muitos de nós assistiram ao processo dentro da própria PT. A passagem aos contratos temporário com empresas fora do grupo PT, a redução dos salários, a perda dos prémios. Fora da PT a função pública a começar a fazer contratos só a prazo, os recibos verdes. Nas sector privado a mesma coisa. A banca, com os maiores lucros, a não pagar horas extraordinárias e só com contratos a prazo. É este o futuro que os governos e os patrões da Europa com os novos códigos do trabalho, com os ataques aos trabalhadores, com as perdas de direitos, é este futuro que nos querem impor. Um futuro de vidas adiadas, um futuro com a corda ao pescoço até ao fim do mês, um futuro sem poder constituir família, é este o futuro que nos está reservado e é este futuro que temos de combater. É essencial que a reacção contra o trabalho temporário se comece a construir. Temos de dar uma resposta. Temos de dizer não a uma não-vida. Não somos autómatos para render dinheiro a quem nada nos dá. Somos homens e mulheres com ambições e desejos e sonhos. Queremos respeito pelo nosso trabalho! Queremos ser recompensados justamente pelo nosso trabalho! Queremos uma vida melhor!



Outra vez sobre os incentivos à excelência laboral:


Há uns meses falámos aqui sobre a criação por parte da PT Contact dos incentivos à excelência do trabalho e ao cumprimento dos objectivos. Na altura tivemos boa receptividade a esta iniciativa, apontando apenas que entendíamos que o reconhecimento ao nosso bom trabalho se deveria traduzir em aumentos salariais, mas que agradecíamos e apreciávamos o que estava a ser feito. Agora o incentivo oferecido é a entrega de 25 euros em chamadas TMN por mês. Temos que admitir que é um belo incentivo, que para muitos de nós significará a poupança de dinheiro com telemóveis. Contudo reafirmamos o que dissemos da última vez. Apreciamos, agradecemos, mas continuamos a achar que este é o caminho fácil. O melhor para os trabalhadores da PT Contact seria um aumento salarial. Os 25 euros são bem vindos, mas seria positivo poder gastá-los onde quiséssemos e não necessariamente em chamadas telefónicas.


Terceiro Boletim


PT PrecariAcções Nº 3


Caros colegas:


Durante algum tempo estivemos ausentes. A nossa vida precária, com os horários desadequados, as folgas intercaladas, e o esticar do dinheiro até ao fim do mês, impedem-nos de ter uma presença mais constante com este boletim. Tentando mudar um bocado o formato dos primeiros dois, reduzimos o número de eixos e passamos a concentrar a nossa voz apenas num ponto essencial da nossa intervenção. Esperemos que não estranhem esta mudança. Estamos em vésperas de eleições, e aquilo a que se assiste do governo é uma atitude de um total alheamento face aos problemas das pessoas, criados por esta dura crise económica que a todos afecta e que nos põe a nós, os pequenos, a pagar a factura, enquanto os grandes, os banqueiros e os administradores das grandes empresas, os responsáveis pela crise, continuam impávidos e serenos perante a situação, com milhões do governo à sua disposição. Temos de reagir!!


Contratação de 400 novas pessoas:


A PT anunciou recentemente, através do seu presidente, o senhor Zeinal Bava, que iria este ano fazer cerca de 400 novas contratações de pessoal, ao abrigo de programas de recrutamento de jovens licenciados e técnicos. Queríamos dizer que, em vez de querer fazer este tipo de contratações, que olhem para dentro da empresa, para os Call Centers da PT Contact, onde estão muitos jovens licenciados, com elevados conhecimentos e competências técnicas, que podiam ser integrados noutros departamentos da empresa, possivelmente criando mais riqueza para esta e realizando-se mais profissionalmente. Tornando assim desnecessárias estas novas contratações, provavelmente poupando com isso, e criando uma dinâmica de progressão dentro da empresa que contribuiria para melhorar os índices de produtividade e satisfação laboral.



Sobre os novos incentivos à excelência laboral:


Muito recentemente a PT Contact decidiu criar um programa de incentivos à excelência e ao cumprimento de objectivos. Começaram por distribuir pelos comunicadores agendas e pen-drives como recompensa e agradecimento pelo nosso esforço e pela qualidade do nosso trabalho. Não querendo olhar o dente ao cavalo dado, queremos só salientar uma coisa, vemos com bons olhos que a PT crie um sistema de incentivos, vemos com bom grado este novo programa como já víamos o dos bilhetes de cinema, mas não podemos deixar de dizer que o esquema que devia ser implementado não é o de dar uns presentes aos comunicadores quando chega o fim do mês com uma palmadinha nas costas de reconhecimento. O que de facto deveria ser feito, e que não custaria assim tanto à empresa, era um aumento salarial a toda a gente. Isso sim, seria um enorme incentivo à melhoria do desempenho de todos os comunicadores e restantes trabalhadores do Call Center. Mas claro, sai mais barato uns restos de material promocional. Nós dizemos obrigado, mas queremos mais. O verdadeiro incentivo à excelência no trabalho é uma recompensa justa pelo trabalho feito!



Sobre a acção sindical:


Queríamos falar sobre os sindicatos presentes aqui. Nos dois primeiros boletins não abordámos esta temática, por ser delicada por um lado, e por necessidade de abordar outras questões mais urgentes. A ideia geral que temos nós, e cremos que o resto das pessoas aqui, é de que os sindicatos não fazem nada. Esta ideia surge muito pela presença muito pouco visível quer do SINTTAV quer do SINDETELCO, exceptuando esporádicas distribuições de panfletos. Queremos dizer que entendemos que a luta pelos nossos direitos passa sobretudo pela acção dos sindicatos e que é aos sindicatos que cabe liderar as reivindicações por melhores condições de trabalho no panorama geral do trabalho precário nos Call Centers. Para isto, entendemos que terão de ser os próprios trabalhadores, ou seja nós, a pressionar os sindicatos e a exigir destes uma presença mais constante e uma intervenção mais firme junto da direcção da PT. Achamos que os sindicatos podem e devem ter uma presença mais forte e mais combativa pelos nossos direitos junto da empresa e por isso temos de ser nós a pressiona-los para que ajam. De outra forma apenas se perpetuará o actual marasmo da acção sindical nos Call Centers da PT.