quinta-feira, 30 de julho de 2009

Quinto Boletim

PT PrecariAcções nº 5

Sobre a redução de horários:

Já todos conhecem a seguinte história, mas vale a pena conta-la de novo...

Era uma vez um primeiro ministro que não gostava do que uma certa televisão andava a dizer sobre ele, então, farto de tantas calúnias e tantas insídias, ele resolve acabar com o assunto. É então que se lembra que tem um amigo numa grande empresa, onde o estado tem uma golden share, com vontade de entrar no mundo da produção de conteúdos audiovisuais e resolve ter uma conversa com ele

(o diálogo que se segue não é fruto de escutas telefónicas)

Zé - Tô, Zeinal, opá, eu estive a pensar, acho que podíamos matar dois coelhos com uma só cajadada.

Zeinal - Ai sim, pá? Então como?

Zé - Epá, tu podias comprar a TVI, tirava-se de lá aqueles macacos que andam a dizer verdades inconvenientes sobre mim e ficavas com aquela porra pra produzir conteúdos, o que dizes?

Zeinal - Pá, parece-me bem, vou ter de despedir uns precários pra arranjar o dinheiro e tal, mas isso arranja-se sem problemas.

Zé - Pronto pá, trata lá disso então, mas não digas nada a ninguém pra não haver oposição pública.

E assim foi, passados uns meses lá aparece nos jornais que a PT ia comprar 30% da Prisa, empresa espanhola proprietária da tvi, pelo dobro do preço de cotação em bolsa, e, pasme-se, na mesma semana aparecem notícias da despedimentos nos call centers de Beja e Bragança e no nosso centro reduzem o horário de 8 para 6 horas coercivamente a 20 colegas. Coincidência ou não? Bom, para acabar depressa, o negócio veio a público, a negociata do Zé e do Zeinal (especulada por nós e por muitos outros) também e o estado (o Zé) foi obrigado a dizer publicamente que se opunha ao negócio.

Na altura dissemos no blog que as reduções de horários estavam relacionadas com as necessidades da empresa de reduzir despesas e nós somos o elemento mais frágil dentro do universo da empresa. Claro que a associação à compra da tvi é, no mínimo, esticada mas não deixa de nos fazer pensar que motivações podem estar por detrás de decisões de gestão que nos parecem, pelo menos, pouco reflectidas. Não faz sentido uma redução de pessoal nas vésperas de um mais que previsível aumento de tráfego quando é lançado um novo serviço. Nem fazia sentido com o volume de tráfego da altura que, como todos podiam ver, estava claramente a não ser correspondido pelo conjunto dos comunicadores disponíveis no centro. A situação, tão rapidamente apareceu como foi revertida. Uma semana depois as pessoas voltavam às 8 horas, tudo estava resolvido. Inclusive aumentou-se o número de horas a outros colegas. prova de que tinha sido cometido um erro. Resta a dúvida, o que motivou a decisão? Porque se voltou atrás? Preferimos achar que se reconheceu o erro e que se agiu em conformidade para resolver um problema criado.


Sobre o arranque do novo serviço 1820 web:

Arrancou no mês passado o novo serviço 1820 web, com mais responsabilidades, mais complexidade, mas dificuldades, mais malabarismos. E achamos que arrancou mal. A indefinição sobre os conteúdos, a sobreposição com outros serviços da PT, o desconhecimento sobre as chamadas que se podiam ou não passar para o grupo de comunicadores que atendiam o novo serviço, a chuva de chamadas de prova, todos estes factores contribuíram definitivamente para a criação de uma enorme confusão. Por outro lado o grande aumento de chamadas originado pela publicidade ao novo serviço, muitas dessas chamadas de clientes a gozar dado por um lado a índole cómica dos anúncios e por outro o desconhecimento de que o serviço é pago. Todo este processo foi mal conduzido desde o início, um arranque atabalhoado, sem preparação, sem grandes critérios. Mais uma vez somos nós os comunicadores, que somos a primeira linha do serviço, que temos de lidar da maneira possível com esta situação, nem sempre correctamente esclarecidos sobre o que fazer. Somos sempre chamados ao aumento das responsabilidades, mas para o correspondente e justo aumento de remuneração nunca somos chamados.


Sobre os intervalos:

Vive-se o caos dos intervalos. A espera chega aos 40, 50 minutos, uma hora. Já antes facilmente se chegava aos 20, 30 minutos, mas esta situação agravou-se com é o recente aumento de tráfego gerado com os anúncios do novo serviço. De novo quem paga as favas somos nós que temos de aguentar o que for preciso para segurar as filas de espera. Por enquanto é só nos intervalos, de futuro será com horas extra. Insistimos que o antigo sistema de o comunicador gerir o seu próprio intervalo é mais eficiente, mas quem decide prefere insistir na situação. Qualquer dia começamos a levar arrastadeiras para as posições, só para precaver...


Todas estas situações atrás referidas levam-nos a apresentar pela primeira vez neste boletim uma palavra de ordem, fica para a vossa justiça o seu julgamento.

O ZEINAL FAZ MAL!

O Zeinal faz mal quando nos reduz coercivamente o número de horas.

O Zeinal faz mal quando despede.

O Zeinal faz mal quando quer fazer favores ao amigo Sócrates e somos nós que pagamos.

O Zeinal faz mal quando nos trata como gado e nos obriga a esperar 40 e 50 minutos para fazer intervalo.

Exigimos respeito! Exigimos ser tratados como pessoas! Exigimos salários dignos!

Por tudo isto dizemos: O ZEINAL FAZ MAL!